Invisibilidade
Ana Laura Spinetti
14/12/2012
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O texto é instigante desde a apresentação quando nos leva a refletir sobre a aparente relação paradoxal entre invisibilidade e artes visuais. Pensar sobre o que está subentendido, oculto ou disfarçado numa sociedade que se alimenta de visibilidades levou o artista a propor situações nas quais o público é levado a reflexões sobre o cotidiano das cidades.
Os trabalhos apresentados pelo artista deram mostras concretas de como a invisibilidade relaciona a apresentação, o espaço e a imagem. Fiquei imaginando como me sentiria ao chegar a uma galeria e encontrá-la fechada, como aconteceu em A dúvida. Foi muito inventiva a forma utilizada de tornar visível o que não seria mais visto, no caso da galeria imagens. Fez da sensação de perda, de ausência, presença. Utilizou um texto para trabalhar a noção de fechamento e uma imagem como barreira física.
Nesse e nos outros exemplos citados fica claro que as artes têm se utilizado de processos de ocultamento para privilegiar as barreiras criadas por nossa visão superficial das coisas (que funciona com o intuito de nos proteger de tudo aquilo que é desconhecido), para logo em seguida materializar e encarnar sob uma forma palpável os dados imateriais e integrar o imaterial no interior da obra plástica, como desejava Paul Klee.
De acordo com o autor, ao produzir uma barreira ele foi levado a pensar sobre o distanciamento no qual se encontra envolvida toda imagem. Concordo com ele quando sugere que o visível e invisível dependem da posição do sujeito. Compartilho a sensação de que hoje vivemos bombardeados por uma avassaladora carga de imagens que preenche a distância entre o sujeito e a imagem, diminuindo o sentido que poderia nos trazer esse intervalo.
E mais, o tema me remeteu às brincadeiras de infância, e o pique esconde é um exemplo de como a invisibilidade permeia o imaginário do