Inventando paisagens
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SABOREANDO O ESPAÇO, INVENTANDO PAISAGENS
ANTONIO CARLOS QUEIROZ FILHO
Mestre e Doutorando em Geografia – Instituto de Geociência – IG/UNICAMP
Pesquisador do Laboratório de Estudos Audiovisuais – OLHO/FE/UNICAMP
Endereço para correspondência: Secretaria de Pós-Graduação – IG/UNICAMP. Rua João Pandiá
Calógeras, 51. Cx. Postal: 6152. Cidade Universitária, Campinas-SP. CEP: 13.083-870 cqueiroz@ige.unicamp.br Resumo
Este artigo é resultado do esforço reflexivo sobre a idéia da paisagem como invenção humana e do espaço como cultura. Chamamos atenção para um conhecimento de mundo que se dá de corpo inteiro, mediado pela experiência, seja intelectual, empírica, cultural ou subjetiva. Nesse sentido, a imagem das coisas nos aponta um grande potencial, via imaginação e memória, para entendermos essa forma de olhar e de sentir o mundo e as paisagens que daí surgem. Palavras-Chave: paisagem – imagem – imaginação – memória
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
Mário Quintana
Mario Quintana, ao fazer essa relação, sente o gosto da cidade, saboreando-a. O uso deste verbo é, deliberadamente, para chamar atenção. Com ele, aproveito para colocar em evidência aquilo que irei discorrer neste texto. Saborear é uma palavra que trás consigo o sentido do gosto, de paladar. É como se minha experiência com o mundo fosse mediada pela boca e não apenas com olhos. Ao fazer esse deslocamento, minha intenção
PAISAGENS EM DEBATE revista eletrônica da área Paisagem e Ambiente, FAU.USP - n. 05, dezembro 2007
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é a de incluir os demais sentidos de que dispõe o homem na sua mediação com as coisas, às vezes até chamada de realidade. Saborear o mundo significa reconhecer, em grande medida, que o espaço contém cheiros, gostos, sensações, esbarrões, piscadelas, náuseas, enfim. Experienciamos o mundo de corpo inteiro, com o