Introdução
A história da saúde mental é carregada de relatos de violência, abandono, confinamento e preconceito. Os portadores de doenças mentais foram submetidos durante muito tempo a tratamentos de ordem moral e na maioria das vezes eram encaminhados a ambientes hostis e distantes da sociedade, onde permaneciam reclusos junto a criminosos, prostitutas e mendigos. Eram tidos como inválidos e dementes ou mesmo como possuídos pelo demônio, ocupando posição de “espécie” incômoda ao andamento das relações sociais.
A luta pelos direitos dos cidadãos, que ganhou impulso na década de 1970, trouxe na virada do milênio os frutos esperados com a definição de um conjunto de leis e regulamentações capaz de garantir as bases para a promoção da saúde e da cidadania dos portadores de sofrimento mental. O poder público tem agora a responsabilidade de implantar, no âmbito do Sistema Único de Saúde, uma política de saúde mental da qual não se espera apenas o desenvolvimento de experiências e modelos a serem expandidos no futuro, mas sim resultados de impacto já no cenário atual. Por essa razão, sempre respeitando a complexidade do sofrimento mental e das formas de se lidar com ele, é preciso pensar em soluções que possam ser abrangentes e multiplicadas (ALMEIDA, 2005).
Levantamentos epidemiológicos realizados pelo Ministério da Saúde (2008) apontam para uma prevalência anual dos transtornos mentais em torno de 20% da população; 3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes; 6% apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas; 12% necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual e 2,3% do orçamento anual do SUS é destinado/gasto com a Saúde Mental.( MOTTA,2006)
O movimento de reforma psiquiátrica torna-se mais completo na medida em que se mostra absolutamente diverso, não apenas do modelo centrado na instituição manicomial, mas também se distanciando das primeiras