Introdução
Retratando uma habitação coletiva no Rio de Janeiro do final do século XIX, O Cortiço é uma tese determinista de Aluísio Azevedo e mostra como o homem é suscetível a forças maiores do que ele: o seu meio social, a sua raça e o seu momento histórico. Nesse livro, o autor traça um retrato implacável da sordidez e dos vícios humanos. Com diversos personagens marcantes que vão se corrompendo no decorrer da narrativa, é difícil definir o protagonista, pois mais forte que todos eles é o próprio Cortiço, que, como que personificado, possui uma história própria e cresce – como personagem esférico – no decorrer da narrativa.
Diversas histórias se relacionam para constituir a do Cortiço, símbolo do meio social que corrompe o indivíduo, tendo mais força do que o caráter ou a vontade individual. Destacam-se os personagens João Romão, português ganancioso e dono do cortiço; Bertoleza, escrava que trabalha para comprar sua alforria e torna-se companheira de João Romão, sendo explorada por ele; Miranda, representante da família burguesa; Rita Baiana, mulata sensual, amante de um capoeira; Jerônimo, português trabalhador, símbolo da moral e da ética; Pombinha, adolescente pura e estudada.
A trama é claramente uma tese determinista que, como uma teia que vai amarrando e dominando a presa, se prova por meio dos personagens que se corrompem. Além disso, sob influência darwinista, é o mais “forte” quem sempre obtém sucesso. A fêmea domina o macho porque detém sobre ele o poder da sedução e do instinto. O ganancioso enriquece às custas da exploração dos honestos.