Introdução à topologia de Lacan
Programa de Pós Graduação em Psicanálise
Por que a topologia?
Raquel Coelho Briggs de Albuquerque
Disciplina: Seminário Avançado de Pesquisa em Psicanálise
Profa. Dra. Sonia Alberti
Janeiro 2014
A topologia... é a estrutura.
(Lacan, O Aturdito, 1972, p.485 )
Na abertura de seu primeiro seminário publicado, Os escritos técnicos de Freud, Lacan (1953-54) nos diz que “O pensamento de Freud é o mais perpetuamente aberto à revisão” e que seria um “erro reduzi-lo a palavras gastas”. (p.9). Pois bem, uma revisão permanente de Freud é o que Lacan parece realizar ao longo de todo seu ensino.
Ao longo da obra lacaniana, a tentativa de formalizar o ensino psicanalítico fica patente. E não reduzir a psicanálise a palavras gastas também é um esforço que se mostra evidente em Lacan. Nessa empreitada podemos localizar, primeiramente, e na esteira de Freud, os esquemas. O esquema óptico, que vem como metáfora do estádio do espelho, pode figurar como um paradigma desse momento. Logo depois, sem contudo abandonar os esquemas, mas numa clara tentativa de alcançar uma maior formalização da teoria psicanalítica, surgem os matemas. Em seguida, sobretudo a partir do seminário A Identificação, surge a topologia, a qual se fixa, a partir de então, ao longo de toda sua obra, e mesmo nos seminários mais avançados. Do toro aos nós borromeanos, a topologia permeia a obra lacaniana.
Em O Aturdito, Lacan (1972/2003) dirá que sua exposição da topologia deve ser tomada como referência de seu discurso, e uma referência que nada tem de metafórica. Ele afirma ainda que “a topologia não foi feita para nos guiar na estrutura. Ela é a estrutura” (p.485). Mas, por que a topologia? Por que Lacan a adota com tanto afinco? O que a difere dos esquemas e matemas?
Através da citação acima, temos a indicação de que, ao trabalhar com topologia, não se trata de