Introdução a história da arte
PRIMÓRDIOS DO TEMPO
A Arte nasce com o Homem como instrumento de preservação e identidade. Segmento estético da Cultura, a Arte surge impregnada da magia dos primeiros rituais- magia que permanece, resistindo ao tempo e à tecnologia ou, talvez, intensificando-se com esta. Ao estudarmos a produção artística dos primeiros Homo Sapiens cai por terra qualquer conceito de evolução nas artes – elas apenas se modificam, adequando-se a novos contextos ou ajudando a criá-los. Veremos, nestes primeiros textos, questões ligadas aos conceitos fundamentais da Arte, suas origens pré-históricas, suas características intrínsecas, suas modificações ao longo do tempo. Esse Tempo ambíguo, sinuoso, e surpreendente, o qual nos convida a viagens milenares; eterniza momentos e pessoas e ainda evoca o Futuro, estabelecendo a nossa identidade – como os primeiros Homo Sapiens.
O Tempo e a Arte
Ao optarmos por uma análise cronológica da História da Arte fazemos uma escolha difícil – muitas vezes a Arte não cabe neste Tempo linear estabelecido por teóricos, não respeita medidas padrão, esnoba movimentos e períodos específicos. No decorrer deste curso teremos diversas demonstrações da autonomia da arte em relação às normas históricas. O Renascimento, por exemplo, cuja data marco é 1453 (ano da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos) inicia-se para as artes em 1401, com o concurso para as portas do Batistério de Florença, ou ainda, 1416, ano em que Brunelleschi realiza o projeto do zimbório da Catedral de Santa Maria dell Fiore, estabelecendo um novo método construtivo. Ou a Pré-História, a qual deveria findar-se em 3.500 a.C. porém persiste bravamente no decorrer dos séculos pelos povos não detentores de escrita. Estas divergências temporais podem parecer um problema – principalmente se tentamos memorizar datas como marcos estanques da História – mas na realidade nos possibilita uma abrangência reflexiva. É muito