Introdução sobre o Estado e os Problemas Contemporâneos
POBREZA, DESIGUALDADE, EXCLUSÃO
E CIDADANIA: CORRELAÇÕES,
INTERSEÇÕES E OPOSIÇÕES
A pobreza, as desigualdades e a exclusão social têm se constituído em objeto de preocupação no mundo contemporâneo, como se pode constatar pela atenção que têm merecido das agências multilaterais de fomento ao desenvolvimento, quais sejam, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial.
Até a década de 1970, a tendência geral era considerarmos esses problemas como dependentes do crescimento econômico.
Acreditávamos que, uma vez que este ocorresse a taxas razoáveis, a distribuição da riqueza e da renda se daria de forma automática.
No entanto, àquela altura, a realidade não confirmava esta expectativa. Isto fez com que as referidas agências – nas quais são gestadas as principais orientações de política econômica no capitalismo contemporâneo – incluíssem em suas políticas, relatórios e programas a preocupação explícita com tais questões.
O mesmo tem se dado mais recentemente no Brasil, onde a persistência dessas mazelas ao longo do tempo, bem como o crescimento de outras, associadas a elas – a criminalidade violenta, por exemplo – explica, em boa parte, a ênfase que é dada ao assunto atualmente pelas elites brasileiras (REIS, 2000).
No nosso caso, como em muitas outras nações de renda média – consideradas “em desenvolvimento” –, o foco das análises tem se deslocado da pobreza, entendida em seu sentido estrito, para o problema da desigualdade, como mostra a Figura 1. Esta
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Especialização em Gestão Pública Municipal
Unidade 1 – Dimensões Conceituais e Históricas do Estudo dos Problemas e Políticas Sociais
seria, segundo diversos pesquisadores, um importante mecanismo de reprodução da própria pobreza, e que o combate à desigualdade seria mais eficaz se feito através de políticas públicas de distribuição de renda do que outras voltadas ao crescimento dela (PAES E
BARROS; MENDONÇA; DUARTE, 1997).