Introdu O
Pensar a comunicação Sandra Portella Montardo
Profa. FEEVALE
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NÃO SERIA EXAGERO classificar Pensar a comunicação (2004) como um livro-síntese da obra de Dominique Wolton e, por isso, um livro necessário para a introdução aos estudos de comunicação. As questões abordadas pelo autor continuam na ordem do dia no campo da comunicação. O mesmo acontece com seus pontos de vista e, conseqüentemente, com os motivos de ataque às suas idéias. Isso já constitui justificativa suficiente para que uma tradução que se efetivou sete anos após o lançamento da versão original tenha validade.
O caráter sintético do livro pode ser apreendido em duas direções. Retrospectivamente, na medida em que Pensar a comunicação condensa tópicos desenvolvidos pelo autor em obras anteriores, e projetivamente, uma vez que o autor tenha vindo a aprofundar alguns temas em obras posteriores. Tais aspectos podem ser facilmente percebidos na tradução zelosa do original que o respeita não somente quanto ao seu conteúdo, mas que também prima pela sua forma. Pode-se falar no aspecto introdutório da obra de dois modos. A abrangência da proposta de Wolton implica o ônus da generalidade. Por outro lado, cumpre bem o papel de apontar caminhos para abordagens possíveis da comunicação. Ainda quanto a esse aspecto, Pensar a comunicação mantém uma fórmula útil cara ao autor na medida em que dispõe de um glossário dos principais termos utilizados.
Logo no prefácio do autor, pode-se captar a oposição proposta entre técnica e comunicação humana. Ao afirmar, por exemplo, que “o mais importante, na informação e na comunicação, não são as ferramentas nem os mercados, mas os homens, a sociedade e as culturas” (p.18) Wolton compartimenta aspectos de uma mesma realidade sem evidenciar seus pressupostos.
Por outras palavras, o que, exatamente, separaria ferramentas e mercados de homens,
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 27 • agosto 2005 • quadrimestral
sociedade e cultura?
“Por isso, não há