Intoxica o Alco lica
I. Introdução.
Geram preocupação clínica o uso e o abuso de drogas, e este comportamento é resultante de uma interação entre o indivíduo, sua cultura, sua sociedade, a farmacologia e a disponibilidade de certas substâncias.
Atualmente, uma das substâncias mais consumidas com a finalidade de induzir alterações da percepção, da emoção e do comportamento é o álcool etílico, ou etanol. As bebidas alcoólicas são produzidas com essa finalidade, sendo também uma fonte de calorias "vazias'' utilizada pelos grupos marginalizados.
O local privilegiado para o encontro das conseqüências danosas do elevado consumo de álcool é o Serviço de Emergência. Aí defrontam-se com alarmante freqüência tanto os episódios de intoxicação aguda, quanto intercorrências direta ou indiretamente relacionadas: acidentes de trânsito e atropelamentos, tentativas de suicídio, agressões, acidentes de trabalho, pancreatite aguda, crise de gota, hemorragia digestiva, coma hepático e tantas outras.
Depreendemos daí ser absolutamente indispensável o entendimento dos aspectos clínicos, sociais e psíquicos do uso do álcool para o atendimento adequado a um número sempre crescente de pacientes.
II. Aspectos farmacológicos.
O etanol é um líquido volátil, incolor, ingerido geralmente por auto-administração, e é o principal álcool responsável pelos efeitos da alcoolização. Em média, ele é encontrado nas seguintes concentrações: cerveja — 2-6%; vinho — 12-20%; uísque — 43-50%; aguardente — 30-50%.
O etanol é uma substância altamente difusível tanto em água quanto em lipídios. É rapidamente absorvido a partir do estômago e do intestino para a corrente sangüínea. Sua alta difusibilidade permite a penetração em todos os compartimentos aquosos do corpo, tanto intra quanto extracelulares, em equilíbrio. A concentração no sangue reflete a concentração em outras partes do organismo, podendo ser usadas como medidas indiretas as concentra-ções do ar alveolar e da urina. Dois a 10% do