Intocaveis
Diversas pessoas pararam por aí e já criticaram o filme em sua origem. A simples presença de estereótipos, evidentes e voluntários neste caso, foi percebida como sinônimo de baixa qualidade. Ora, o mais interessante neste caso é pensar como foram usados os estereótipos. O que poderia constituir apenas mais um filme grandiloquente sobre a tolerância da diferença acaba sendo, neste caso, uma obra muito mais inteligente.
Inicialmente, Intocáveis está interessado em mostrar como estes dois homens reconhecem muito bem seus grupos sociais, e estão cansados de serem inseridos neles. Para o roteiro, interessam mais as semelhanças improváveis entre ambos (a paixão pela música, o respeito pela família, o prazer pelos esportes radicais, o desprezo pelas convenções) do que suas diferenças. Grande parte do humor vem justamente das aproximações entre ambos.
Isto não significa que esta produção seja subversiva, ou que ela rompa com os clichês, nada disso. Ela apenas o utiliza como ponto de partida. Os dois homens são devidamente humanizados, e mantém seus tons politicamente incorretos do início ao fim. As deficiências de cada um (social em um caso, física no outro) servem para torná-los semelhantes e complementares.
Foto - FILM : 182745Com esta parte esclarecida, pode-se dizer que Intocáveis tem um ritmo notável, praticamente um modelo a ser seguido por muitas comédias por aí. Com quase duas horas de duração, ele explora todas as possíveis piadas de origem religiosa, política, sexual e outras, sem jamais se estender demais no texto ou na montagem. Apresenta-se o humor e passa-se a outra coisa. Isso evita que algumas sequências