Intervenção Psico Social
O que é a doença mental? A doença mental é um constructo sociocultural relativo. E porquê? A sua relatividade prende-se com o espaço e com o tempo em que a manifestação ocorre. O comportamento que pode ser considerado doença mental no ocidente, pode não o ser em África, por exemplo. Ou a doença mental como hoje é considerada, tinha outras explicações em séculos anteriores tais como manifestações divinas ou do demónio, sinais de espiritualidade, capacidade de comunicação com o além, pecados, êxtases religiosos, enfim tinha um sem número de explicações.
A doença mental não era encarada como doença. Só o começou a ser a partir do Séc. XIX quando em França é criado o primeiro estabelecimento para doentes mentais. A forma como era encarada e as medidas que se tomavam para restringir os pacientes eram diversas e adaptadas à época em que se vivia. Desde queimar o paciente nas fogueiras da inquisição por comportamento demoníaco no séc. XV, até ao asilo (séc. XVIII), decorreram pelo menos três séculos. No século XVII tentou-se a humanização do tratamento dos alienados, inovações trazidas por Pinel e Tuke; no século XIX com o desenvolvimento das ciências físico-químicas, começa a terapia medicamentosa e a recém- nascida psicanálise de Freud vai revolucionar o tratamento da doença mental. Na primeira metade do séc. XX a intervenção médica faz-se sentir de forma muito mais invasiva. O paciente era institucionalizado, submetido a choques elétricos, tratamentos químicos, trepanações, lobotomias. Há que atender às limitações médicas e ilimitações éticas de então. A segunda metade do século XX é o advento da psiquiatria. Caiem os «muros asilares» (Fátima Alves, 2011, p.35) e nasce um novo olhar para a doença mental. Surge a psiquiatrização da sociedade