Intervencionismo
Ludwig von Mises – por Roberto Fendt
PREFÁCIO DO AUTOR
Neste ensaio pretendo analisar, do ponto de vista econômico, os problemas causados pela interferência do governo na atividade econômica. As conseqüências políticas e sociais decorrentes do intervencionismo só podem ser avaliadas e julgadas com base na compreensão de seus efeitos e implicações econômicas.
Desde que os governos europeus no final do século XIX adotaram um retorno ao mercantilismo do século XVII e princípios do século XVIII, os economistas têm procurado mostrar a inconsistência e a futilidade dessas medidas, e prever as suas conseqüências políticas e sociais.
As análises do intervencionismo geralmente se preocupam apenas com as conseqüências imediatas de uma determinada intervenção, sem considerar os seus efeitos a longo prazo e os supostos benefícios, ignorando seus custos. Em razão disso, é difícil ter uma visão abrangente das conseqüências sociais e econômicas do intervencionismo; alguns indivíduos serão beneficiados no curto prazo, mas outras conseqüências advirão, particularmente se se tentar estender esses mesmos benefícios a grupos maiores ou a toda a população.
Não basta qualificar o sistema capitalista – a economia de mercado – como bom ou mau, mas avaliar a conveniência de um sistema alternativo. Apontar algum inconveniente que a economia de mercado não foi capaz de eliminar não quer dizer que o socialismo ou o intervencionismo seja viável ou desejável.
Alguns poderão objetar, alegando que a discussão deveria considerar também os aspectos não-econômicos. Discordo peremptoriamente. A discussão política de nossos dias [1940] gira em torno de capitalismo, socialismo e intervencionismo, já que os nossos contemporâneos colocaram a organização econômica da sociedade no centro do pensamento político.
Não é por arrogância ou estreiteza intelectual que somos levados a discutir essas questões. É chegada a hora