INTERPRETAÇÃO PSICOLÓGICA DO DOGMA DA TRINDADE
DOGMA DA TRINDADE”
JUNG, C. G. Interpretação psicológica do dogma da Trindade. Petrópolis: Vozes, 2012.
Coleção Obra Completa, v. 11/2. p. 43-70.
Jung, diferentemente de pensadores e estudiosos que procuraram reduzir a experiência religiosa a uma mera construção humana, resultado de resquícios primordiais dos tempos de ignorância do homem, procura fundamentá-la a partir da teoria dos arquétipos, tendo como horizonte o numinoso incognoscível. Na nota preliminar do texto em questão, Jung argumenta que a fé não é um carisma dado a todos e, portanto, a ilogicidade de construções religiosas pode ser questionada em favor de uma melhor compreensão dos aspectos psicológicos inerentes a elas. O homem não deve se esquecer de que é constantemente exposto à dúvida, diz Jung, e também não deve projetar suas dúvidas de maneira belicosa contra aqueles que buscam compreensão em detrimento da fé.
Jung é claro em dizer que sua abordagem ao Dogma da Trindade não é uma tentativa de reduzir o referido credo a um psicologismo, mas de mostrar que o símbolo central do
Cristianismo possui significação psicológica. Sem esta significação, ele teria desaparecido há tempos, sob os escombros da produção religiosa humana.
Depois de apresentar paralelos pré-cristãos da ideia de tríades divinas, especialmente nas culturas babilônica, egípcia e grega, Jung passa a discorrer sobre os símbolos da Trindade, afirmando que o arquétipo trinitário já se encontrava presente no Novo Testamento, em forma de conteúdos inconscientes. A formulação tardia do símbolo apenas revela que a impressão deixada sobre os personagens do Novo Testamento não gozava de clareza suficiente.
Jung toma diversos símbolos – formulações – para explicar o desenvolvimento gradual de consciência trinitária. O primeiro deles é o Credo Apostólico, que ainda se articula a partir dos evangelhos e cartas apostólicas. Nele as três figuras divinas não se mostram contrárias a