Interpretação existencialista do texto: Um bicho que se inventa
“O homem é o único animal que se inventa e inventa o mundo em que vive.” (Ferreira Gullar)
Este trabalho estabelece uma relação entre o texto de Ferreira Gullar: Um Bicho que se Inventa, publicado na Folha de São Paulo em 01.01.2006 e a doutrina existencialista, considerando em especial a teoria de Jean Paul Sartre. Porém, antes de relacionar tais produções, torna-se pertinente discorrer acerca do Existencialismo, de forma breve.
Nascido no século XIX através das idéias de Kierkegaard, esta doutrina filosófica e literária teve seu apogeu na década de 50, após a 2ª Guerra Mundial, com os trabalhos de Heidegger e Jean-Paul Sartre. A contribuição mais importante desta escola é sua ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-arbítrio, numa reflexão sobre a existência humana, precedente à essência, consideradando seu aspecto particular, individual e concreto.
Para os existencialistas, a existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser, sem nada a priori a defini-lo. Assim, não há uma inquietação relativa aos postulados produzidos pela Ciência ou às especulações metafísicas, e sim no que se refere ao sentido da existência. Daí a predominância de elementos da Fenomenologia de Husserl – movimento que busca compreender os fenômenos tais como eles parecem ser, sem depender do real conhecimento de sua natureza essencial – nesta corrente filosófica, já que ambas privilegiam a vivência subjetiva em detrimento da realidade objetiva.
O existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aquisição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Nesta vertente, seus seguidores não crêem que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se constrói à medida que percorre sua caminhada existencial. Portanto, não é possível conceber uma natureza