Interpretação do filme "5 X favela"
PLÍNIO FRAGADO RIO (JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO – 25/08/2010)
Um filme passado em favela no qual aguarda-se uma hora até que seja ouvido um tiro; um filme sobre favelados que são assaltados por "playboys" da zona sul do Rio; um filme em que um rico critica o pobre por querer "tirar onda de fodido"; um filme sobre favela em que a alegria e o lirismo sobrepõem-se mas não escondem a violência; um filme sobre favela em que os moradores são vítimas, mas também responsáveis pela violência.
"5 x Favela - Agora por Nós Mesmos" é uma obra múltipla do nome à produção --fruto de trabalho coletivo de mais de duas centenas de moradores de favelas do Rio. É múltiplo porque escrito por oficinas de roteiro em comunidades carentes, mas principalmente por expor personagens a facetas variadas, na contramão do mercado, do senso comum e da divisão social estabelecida. Como filme múltiplo, é desigual, como a realidade que retrata.
O primeiro episódio, "Fonte de Renda", dirigido por Manaíra Carneiro e Wavá Novais, narra a dificuldade do favelado em cursar direito em meio a alunos de classe média e alta.
Depois de insinuar queda para resolução clichê da tensão dramática, salva-se da obviedade, mas não escapa da solução moralista adequada a quem pretende ser "gente de bem".
Em "Arroz com Feijão", direção de Rodrigo Felha e Cacau Amaral, a doçura da atuação das crianças Pablo Vinicius e Juan Paiva rejuvenesce a fartamente explorada situação de família pobre com dificuldades para comer. Mas não consegue superar o trivial. Cena de "5 x Favela - Agora Por Nós Mesmos"; filme se originou em oficinas de roteiro em comunidades carentes "CIDADE DE DEUS"
No terceiro episódio --"Concerto Para Violino", dirigido por Luciano Vidigal a partir de roteiro criado em oficina em Parada de Lucas--, emerge a violência, ouve-se o primeiro tiro após uma hora de projeção e tem-se a imagem mais impactante quando policiais e traficantes