Interpretação de Texto - Módulo 7
Coerência e progressão textual
A pesca
Affonso Romano de Sant’Anna o o o o o o
anil anzol azul silêncio tempo peixe a agulha vertical mergulha a água a linha a espuma o tempo a âncora o peixe a garganta a âncora o peixe a boca o arranco o rasgão aberta a água aberta a chaga aberto o anzol aquelíneo ágilclaro estabanado o peixe a areia o sol
Apesar dos poucos elementos de coesão, temos um texto coerente porque há unidade de sentido que é dada a partir do próprio título; ele também é elemento de referência e ativa o conhecimento de mundo.
As palavras, assim, ganham sentido e vemos que se trata da descrição de uma pescaria, situação que corresponde ao esquema que temos arquivado na memória.
Como já dissemos, a coerência é o todo de sentido em que resulta o texto. Para que ela se estabeleça, é preciso observar a não-contradição de sentidos entre partes do texto, o que se constrói pelos mecanismos de coesão já explicitados.
Além disso, de acordo com Fiorin & Platão (1999), há vários níveis que devem ser levados em conta, como o narrativo, o figurativo, o temporal, o argumentativo, o espacial e o de linguagem. Para todos eles, dois tipos de coerência são fundamentais: a coerência intra e extratextual. A primeira corresponde à organização e encadeamento das partes do texto, ao passo que a segunda pode estar relacionada tanto ao conhecimento de mundo como ao conhecimento lingüístico da falante.
No entanto, há textos que podem ser incoerentes aparentemente. Para se verificar se o texto tem sentido, é preciso considerar vários fatores que podem levar à atribuição de significado ao texto. São eles: o contexto, a situação comunicativa, o gênero, o(s) intertexto(s).
Esses fatores determinam as condições de produção e de recepção de um texto. É preciso ter conhecimento dessas condições para julgar coerente (ou não) um texto. Para exemplificar, um texto literário, por ser