interpretaçao e superinterpretaçao - umberto eco
Capítulo 1 – Interpretação e História
Eco apresenta brevemente o contexto teórico quando da sua produção do livro Obra Aberta (1962). Diz que estava estudando a “dialética entre os direitos dos textos e os direitos de seus intérpretes” (p. 27), mas faz a ressalva de que nos últimos tempos o direito dos intérpretes tem sido defendido de modo exagerado. Diz também que em seus textos mais recentes, onde trabalhou a noção de semiótica ilimitada, quis mostrar que essa noção não significa dizer que a interpretação não tem critérios (p. 28-29). Ele segue construindo uma argumentação no sentido de defender que existe alguma interpretação de determinado texto que pode ser dita ruim (p. 29). Há, portanto, alguns critérios que devam orientar a interpretação. OBJETIVOS: Eco, então, vai contra a polaridade “intenção do autor” x “soberania do leitor”, para apresentar uma terceira saída: a intenção do texto (p. 29). Diz que apresentará essa idéia nas conferências a frente. O objetivo, aqui, é apresentar as raízes do debate contemporâneo acerca do significado (pluralidade, ausência de) de um texto (p. 30). Ele pretende mostrar que grande parte do chamado pensamento “pós-moderno” parece ser, na verdade, bastante arcaico (p. 30).
O racionalismo grego acreditava que “conhecer” significava “entender as causas” [conhecer Deus significa conhecer uma causa além da qual não exista nenhuma outra; cadeia unilinear de A para B] (p. 31). Princípios que fundamentam esse tipo de pensamento: identidade, não-contradição, terceiro excluído (p. 31-32). Temos, daí, o modus ponens. A cultura latina vai incorporar o racionalismo grego, focando no modus, que é o modelo legal e também o limite [questão central dos limites/fronteiras para a construção da civilização romana e a nossa – limite do tempo e sua irreversibilidade] (p. 32-33). Tal visão do tempo, do limite, do modus dita até hoje a