INTERPRETA ES POSSIVEIS E COERENTES SOBRE MAQUIAVELISMO
Analisar as obras históricas e políticas de Maquiavel é tarefa bastante difícil principalmente porque, dentre elas, está um dos textos mais conhecidos de teoria política de todos os tempos, O Príncipe que conta certamente, com uma das mais complexas tradições interpretativas, que, desde o seu surgimento, analisou o trabalho de Maquiavel sob os mais diversos e polêmicos ângulos.
Compreender sua concepção política requer um esforço, devido às diversas formas em que a obra foi vista e interpretada. Frente a esta dificuldade, este artigo propõe apresentar, além das possibilidades interpretativas apresentadas pelo campo da História das Ideias Políticas, não apenas uma, mas algumas interpretações que se edificam com base no relato histórico e se aplicam, especificamente, à obra em estudo.
Homem do século XVI, Maquiavel é exemplo de autor que pode ser avaliado para além de seu tempo. Isto porque seus textos surpreendem pela atualidade que apresentam. Seu pensamento político continuou exercendo influência considerável ao longo dos séculos do Ancien Régime. Lido e criticado por Bossuet, mas não citado, foi também admirado por Mazarin e Richelieu chagando seus preceitos políticos a serem apropriados por Catarina de Médici já no século XVI.
Maquiavel eternizou-se entre os maiores pensadores políticos, chegando mesmo a ser considerado, por algumas vertentes interpretativas de suas obras, como o clássico da filosofia política. Maquiavel, contudo, soube descrever bem o que muitos já haviam percebido. Poucos se dedicaram a escrever até o século XVI, sobre o Estado e a política como obra de arte exclusiva do príncipe. Rompendo com as concepções de um Estado ideal e ilusório, ele tentou compreender a política como expressão da “verdade efetiva das coisas”.
Algumas teorias políticas resistem ao tempo tornando-se, inclusive, atuais em determinadas sociedades. É o que demonstra Isaiah Berlin, ao afirmar que as opiniões e as