Internet, a ilusão democrática
XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – BH/MG – 2 a 6 Set 2003
INTERNET, A ILUSÃO DEMOCRÁTICA*
Leandro Ramires Comassetto
Doutorando em Comunicação Social (PUCRS).
Professor do curso de Comunicação Social – Jornalismo da
Universidade do Contestado – UnC / Concórdia, SC.
Introdução
“O ano 2000 chegou, eu vi, e decidi tomar o partido da humanidade”. Com estas palavras o pensador francês e filósofo da cibercultura Pierre Lévy inicia uma de suas obras mais recentes, A conexão planetária (2001), que, na síntese do próprio autor, constitui-se em um “canto de amor ao mundo contemporâneo”. O canto é para celebrar a expansão da consciência e a inteligência coletiva, que, pelo advento da rede eletrônica que conecta o mundo de modo virtual e instantâneo, estariam prestes a democratizar o acesso às formas de poder e a realizar o ideal tão sonhado de uma sociedade autônoma e igualitária, enfim, algo muito próximo das utopias bakhunianas e marxistas, vistas sob a ótica de um humanismo cristão. Antecipando-se às críticas que certamente advêm dos descrentes em uma nova era proporcionada pelas facilidades tecnológicas e planetárias, Lévy sai na auto-defesa: “Não olho exatamente os mesmos objetos que os rabugentos. Mais do que me alinhar com aquilo que morre, eu me encanto com o que cresce” (p. 12). O recurso à auto-defesa é uma marca do autor, verificada em suas demais obras (ver, por exemplo, As tecnologias da inteligência
(1993) e Cibercultura (1999)), e os “rabugentos”, nominados e inominados, integram as hordas de um Paul Virilio, um Jean Baudrillard, um Lucien Sfez, um Edgar Morin, um Harold
Innis, um Jacques Ellul, um Henry Adams, todos, em princípio, identificados a uma escola que tem por referência Martin Heidegger enquanto pensador da técnica.
A diferença de Lévy para seus desafetos está na forma como ele vê a técnica. Não se trata de uma visão