Interdisciplinaridade
Essa compreensão da realidade numa busca de interdisciplinaridade nas questões da alfabetização pressupõe um comprometimento com a totalidade, isto é, quando se pensa na construção de um projeto interdisciplinar para a alfabetização, é necessário pensar-se na possibilidade de traçar uma linha de demarcação entre as pretensões ideológicas e a realidade de que é sintoma.
Ao dizermos pretensões ideológicas, estamos nos referindo a certos “modismos” que de repente invadem nossas propostas educacionais, a certos paradigmas às vezes traçados para a alfabetização que acabam por dar a impressão ao professor de que a forma pela qual ele alfabetiza é retrógrada, errônea e precisa ser totalmente reformulada, na contingência de que não o sendo causará danos irreversíveis ao futuro aprendizado da criança. Nesse sentido, esse professor-alfabetizador, a cada modelo que chega, vê traçado seu “perfil de incompetência”, tornar-se um “navegador sem bússola”, em que o seu cotidiano, às vezes bem-sucedido, deixa de ter sentido.
Iludido por um novo paradigma sente-se muitas vezes não lhe é explicado nem o como, nem o para quê. Atônito, perplexo ante a perspectiva de mudança, nosso navegador torna-se um “náufrago sem rumo”, podendo, muitas vezes, afogar-se, e com ele, todo o barco que conduz (seus alunos e sua sala de aula).
Análise do trabalho de alfabetização que já vem sendo executado é, pois, o primeiro pressuposto para pensar-se num projeto interdisciplinar para a alfabetização, pois o mesmo precisa alicerçar-se no envolvimento, no engajamento do professor, e não existe envolvimento de imediato; é um processo demorado, construído a partir de sucessivos questionamentos à prática efetiva.
O projeto interdisciplinar parte da dúvida,