Inteligência Emocional
Miguel Pina e Cunha (Faculdade de Economia, UNL)
Arménio Rego (Universidade de Aveiro)
1. Inteligência emocional
Por razões de moda, pelo seu valor apelativo, mas também pela sua valia heurística, a inteligência emocional (IE) granjeou atenções de múltiplos sectores da vida social, política, económica e empresarial. Enunciando de um modo simples, os indivíduos emocionalmente inteligentes são os que usam a razão para compreender as emoções (as próprias e as dos outros) e lidar com elas, e que recorrem às emoções para interpretar a envolvente e tomar decisões mais racionais. A IE representa, pois, a capacidade para conciliar emoções e razão: usar as emoções para facilitar a razão, e raciocinar inteligentemente acerca das emoções. Refere-se ao conjunto de capacidades que fazem com que a pessoa actue de uma forma adulta e auto-controlada, evitando incorrer em comportamentos regressivos e emocionalmente imaturos. Inclui características como: (a) a capacidade de avaliação correcta dos estados de espírito próprios e alheios; (b) a regulação adaptativa das emoções próprias e alheias; (c) o uso inteligente das emoções nas diferentes actividades da organização (e.g. liderança, negociação, trabalho em equipa, resolução de problemas).
Um modo expedito de compreender a IE consiste em prestar atenção às competências que lhe subjazem. Uma classificação simples distingue quatro facetas [1]: (a) empatia, capacidade de avaliar as emoções próprias e dos outros, e de exprimir rigorosamente as próprias; (b) uso das emoções para melhorar os processos cognitivos e a tomada de decisão (e.g., recorrer a estados de espírito positivos para trabalhos de criatividade); (c) conhecimento acerca das causas e das consequências das emoções; (d) capacidade para gerir as emoções próprias e de outros (e.g., preservação de estados de espírito positivos e reparação dos negativos). Frise-se que estes quatro aspectos estão intimamente relacionados. Por