Integralidade na assistência à saúde: a organização das linhas do cuidado
Prof. Dr. Do Instituto de Saúde da Comunidade
Universidade Federal Fluminense
Helvécio Miranda Magalhães Júnior
Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte (MG)
Introdução.
A assistência à saúde, nos níveis de especialidades, apoio diagnóstico e terapêutico, média e alta complexidade, em geral são um ponto importante de estrangulamento dos serviços de saúde. De um lado, os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) convivem com uma grande pressão de demanda por estes recursos assistenciais, à qual não se consegue responder, gerando muitas vezes longas filas de espera para alguns procedimentos. Por outro, estes serviços representam vultosos gastos para o orçamento da saúde. Em recente estudo realizado pela gerência de regulação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/BH), constata-se que houve um aumento de 22,7% nos gastos com atenção secundária e um aumento em média de 24,5% no número de procedimentos realizados entre o ano de 2.000 e 2.002 (MAGALHÃES JR et al; 2002). Apesar disto, o mesmo estudo identifica
1 NOTA: PUBLICADO NO LIVRO “O TRABALHO EM SAÚDE: OLHANDO E EXPERIENCIANDO O SUS NO COTIDIANO” DE MERHY, E.E.; FRANCO, T.B. ET AL; HUCITEC, SÃO PAULO, 2003. que se vive hoje um estrangulamento grave no acesso aos serviços especializados de atenção secundária no SUS.
Em 2003, a questão a integralidade de atenção à saúde, no projeto BH-VIDA2, passa a ser vista sob o aspecto não apenas de organização dos recursos disponíveis, mas especialmente do fluxo do usuário para o acesso aos mesmos. Para garantir a integralidade é necessário operar mudanças na produção do cuidado, a partir da rede básica, secundária, atenção à urgência e todos os outros níveis assistenciais, incluindo a polêmica atenção hospitalar. O projeto passa a chamar-se desde então de “BH-VIDA: Saúde Integral”.
A Rede Básica e Secundária na Saúde Integral.
Em relação à rede básica, podemos inicialmente imaginar como ela pode contribuir ou não