Instrumentais sob a otica marxiana
Jane Cruz Prates** Suponhamos que o homem é homem e que é humana a sua relação com o mundo. Então o amor só com amor se poderá permutar, a confiança com a confiança, etc. Se queremos apreciar a arte temos de ser pessoas artisticamente cultivadas; se queremos influenciar outras pessoas importa que sejamos pessoas com efeito verdadeiramente estimulante e encorajador sobre os outros. Cada uma das nossas relações ao homem e à natureza deverá ser uma expressão específica, que corresponda ao objetivo de nossa vontade, da nossa vida real individual... (Karl Marx – Manuscritos de Paris – III Manuscrito). Muito tem-se questionado no âmbito do Serviço Social acerca da necessidade de darmos maior visibilidade ao conjunto de estratégias utilizadas para operacionalizar a sua intervenção na realidade social, pelos profissionais que a orientam por uma concepção dialético crítica. É necessário reconhecer que, apesar do volume significativo e qualitativo de produções contemporâneas na área do Serviço Social, produzidas a partir desta perspectiva nos últimos anos, poucas têm tido as preocupações em tratar mais especificamente sobre este eixo da práxis profissional, talvez até mesmo por interpretar o conjunto de instrumentos e técnicas como elementos que compõem o método enquanto unidade dialética, como estratégias de mediação.1 Primeiramente é importante localizar o Serviço Social como uma disciplina inserida na divisão sociotécnica do trabalho, que se caracteriza por não intervir ou produzir conhecimentos sobre um território específico, como no caso do Direito, da Psicologia ou da Sociologia, mas que se propõe a interpretar e agir nas tramas das relações sociais, o que envolve e articula múltiplos territórios e conhecimentos, complexificando-o por um lado, tornando talvez mais difícil dar visibilidade ao seu processo de produção específica, mas, ao mesmo tempo, aproximando-o