inseticidas mecanismos de ação
PAULA G. MARÇON 1
INTRODUÇÃO
O uso indevido e abusivo de inseticidas e acaricidas ao longo das últimas décadas teve como resultado o desenvolvimento de resistência em mais de 500 espécies de insetos e ácaros. Dentre as conseqüências drásticas da evolução da resistência, estão a aplicação mais frequente de pesticidas, o aumento na dosagem do produto e, eventualmente, a perda de um produto ou de uma classe inteira de produtos (Georghiou 1990), muitas vezes deixando o agricultor com poucas ou nenhuma alternativa para o controle efetivo de determinadas pragas. Estes fatores comprometem os programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), causando desequilíbrios ecológicos e elevação nos custos de produção. Para prevenir, retardar ou reverter os problemas de resistência de pragas a inseticidas e acaricidas, é fundamental seguir os princípios de MIP, evitando a realização de pulverizações preventivas e fazendo uso de métodos de controle somente quando a praga atingir o nível de dano econômico (Degrande 2000). Uma das táticas mais importantes de manejo de resistência de pragas a inseticidas e acaricidas é a rotação por MODO DE AÇÃO (Omoto 2000). Para tanto, é importante que técnicos, consultores, extensionistas e agricultores se familiarizem com o modo de ação dos inseticidasa e acaricidasa existentes no mercado, de forma a incluir a rotação por modo de ação em suas recomendação de controle químico de pragas.
Modo de ação refere-se ao processo bioquímico pelo qual uma molécula inseticida interage com o seu alvo, causando alterações em processos fisiológicos normais da praga alvo que se expressam na forma de toxicidade e inabilidade de sobrevivência. Atualmente, existem inseticidas que interagem com alvos específicos no sistema nervoso (neurotóxicos), no processo bioquímico de síntese de quitina e no sistema endócrino (reguladores de crescimento), inseticidas e acaricidas que interferem no metabolismo energético e