inicio do resumo
O argumento de João Pacheco Oliveira parte de uma crítica ao tratamento dado aos estudos dos “índios do Nordeste” como uma etnologia menor. O autor defende que os estudos canônicos sobre o tema – tanto em âmbito internacional (no caso de estudos dá antropologia americanista ou do estruturalismo francês), como em nível nacional (abordagem indigenista, na qual o autor cita Darcy Ribeiro).
Ao “rebaixamento” dos índios do Nordeste enquanto objeto de estudo antropológico, Oliveira atribui o fato da integração dessas etnias à sociedade envolvente, resultando na perda de seus caracteres tradicionais. Portanto, tais sociedades teriam “pouca distintividade cultural” , sendo de baixa atratividade para americanistas e estruturalistas. Tal visão é, segundo Oliveira, radicalizada pelos indigenistas por meio do conceito de “aculturação” de Darcy Ribeiro.
Essa chave negativa através da qual Oliveira acredita que os etnólogos clássicos enxergam os“ índios do Nordeste” é rebatida, no artigo em questão, comum fato apontado pelo autor no início de seu artigo: o aumento do número de populações indígenas no nordeste durante os anos 90. A partir desse dado, Oliveira aponta para o surgimento de um interesse etnológico nessas populações através de uma nova chave de compreensão, dessa vez mais positiva: no lugar de uma prática etnológica que trabalhe com debates teóricos, surge uma nova que opera através de objetos políticos (ou com a “dimensão política da antropologia”.).
Esses novos estudos, nos quais o próprio Oliveira se insere, emergem das demandas por acesso a terras por parte das populações indígenas do Nordeste, despertando o interesse de uma etnologia focada na emergência de novas etnias e na reconstrução cultural a partir das remarcações territoriais. O autor nomeia esse processo de etnogênese. Logo, o autor conclui que esse...