INICIAÇÃO DOS JOVENS PÚBERES TUPINAMBÁS
A iniciação das meninas púberes tupinambás inicia-se a partir do primeiro fluxo menstrual, designado como "nhemõdigara". As jovens revelavam grande temor antes de se submeterem aos rituais sagrados, mas depois suportavam com relativa firmeza as provações estipuladas pela tradição tribal. "Porque, escreve Thevet, além de lhes cortarem os cabelos com pentes de peixe, colocavam-nas sobre uma pedra lisa e lhes retalhavam a pele com a metade de um dente de animal, das espáduas as nádegas, fazendo uma cruz oblíqua ao longo das costas, com certos talhos, a uma mais, a outra menos, de acordo com a robustez, a sensibilidade ou insensibilidade delas; de modo que o sangue corre de todas as partes".
Esses procedimentos eram dolorosos e incutiam medo previsível nas jovens a serem iniciadas. Em seguida, seus corpos eram cobertos com uma substância cinzenta. Então, ligavam o braço e o corpo com fios de algodão e colocavam em seu colo dentes de capivara. Tal ritual tinha finalidades mágicas, visando tornar os dentes da jovem índia, suficientemente fortes para que ela pudesse mastigar com eficiência as raízes do caium. Acreditavam também, que não obedecessem estes ritos, o ventre da moça se constrangeria, dificultando a concepção. Depois disso se fazia necessária a reclusão.
A iniciada deitava-se numa rede velha, permanecendo nela por três dias, nos quais, guardava completo jejum. Os guaranis lhe davam algum alimento: "os bocadinhos só dão-lhe de comer cada dia, e assim tratam-na durante dois ou três dias". Após este período, a jovem descia da rede, pisando na mesma pedra em que fora preparada, não pisando diretamente na terra. Se tivesse premência de satisfazer qualquer necessidade fisiológica, a mãe ou a avó, levava-a para fora, com um carvão acesso e um algodão. Tantas precauções tinham finalidades mágicas, que impediam que qualquer coisa má (Mae) entrasse no corpo da iniciada. Voltavam imediatamente para o seu leito e recebia aos