Infotaylorismo: o trabalho do teleoperador e a degradação da relação de serviço

6546 palavras 27 páginas
Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación www.eptic.com.br, Vol. VIII, n. 1, ene. – abr. 2006

Infotaylorismo: o trabalho do teleoperador e a degradação da relação de serviço
Ruy Braga*

Introdução
Há pouco mais de três décadas, não apenas falar em classes sociais ou antagonismo de classe pareceria bastante arcaico como também muitos foram aqueles que analisando tendências econômicas européias e, sobretudo, estadunidenses anunciaram o momento histórico da superação da classe trabalhadora e do proletariado por meio do aumento quantitativo de camadas sociais médias cujas condições de vida progrediam (ou deveriam progredir) ininterruptamente.1 A ofensiva neoliberal e a mundialização financeira do capital iniciadas nos anos 1970 e fortalecidas nos anos 1980, contudo, mostraram para os próprios países imperialistas que o sonho de um impulso universal progressista dirigido para o bemestar social por uma burocracia de Estado tecnicamente habilitada havia acabado. Não somente as desigualdades não desapareceram, mas o capitalismo as reforçou com toda a contundência. Os estudos em termos pós-industriais levados a cabo ao longo do final da década de
1960 e início dos anos 1970 foram sucedidos pela armação de um ardil intelectual: para fazer desaparecer a classe operária, bastaria deixar de invocar seu nome. Se a História não se encarregasse de superar o antagonismo, ainda assim seria possível recalcar sua representação. Foi o período marcado pela substituição do proletariado por novos movimentos e atores sociais na condição de sujeitos-objetos privilegiados da reflexão sociológica. Quem não se lembra do “adeus ao proletariado” anunciador da crise do

*

Professor do Departamento de Sociologia da USP. Autor de, entre outros, A nostalgia do fordismo:
Modernização e crise na teoria da sociedade salarial. São Paulo: Xamã, 2003; e A restauração do capital:
Um estudo sobre a crise contemporânea. São Paulo: Xamã,

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