Inflação inercial
Francisco Luiz Corsi
Resumo: O artigo consiste em uma análise crítica do Plano Real, buscando mostrar que a política econômica de FHC acabou inviabilizando um crescimento sustentado da economia e assim agravou os problemas sociais do país. Procuramos situar o Plano real no contexto de mundialização do capital. Também discutimos a questão da crise fiscal do Estado brasileiro, visando desmistificar a concepção segundo a qual ela seria a raiz de todos os problemas da economia brasileira.
Palavras–chave: mundialização do capital, crise fiscal, desenvolvimento 1. Introdução
O presente artigo busca realizar uma análise crítica da política econômica do primeiro governo FHC. O ponto de partida da reflexão é a mundialização do capital, pois programas de estabilização baseados em ancoras cambiais e na abertura da economia nacional, como o Plano Real, só podem ser entendidos no contexto das profundas transformações em curso na economia mundial que caracterizam as últimas duas décadas. Um contexto marcado, de um lado, por baixos índices de crescimento econômico, recorrentes crises e queda da inflação e, de outro lado, por um intenso processo de internacionalização do capital, abertura das economias nacionais, profundas alterações na relação entre o trabalho e o capital e vigorosa mudança tecnológica.
A questão que se coloca para inúmeros países é maneira de eles se integrarem nesse processo de transformações estruturais. Criticamos aqui a estratégia de integração perseguida por FHC, considerada equivocada por nós, pois criou uma armadilha para economia brasileira que inviabiliza o crescimento econômico mais sustentado e não contribui para resolver os graves problemas sociais do país. Pelo contrário, tende a agravá-los. Além disso, torna o país demasiadamente vulnerável às oscilações da economia mundial. Partimos da concepção segundo a qual a globalização do capital não é um processo inexorável ao qual os países