Inflação, estagnação
No. 569
Brasil 1961-1964:
Inflação, estagnação e ruptura
Mário M.C. Mesquita
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA www.econ.puc-rio.br 1
Brasil 1961-1964: Inflação, estagnação e ruptura
Mário M. C. Mesquita1
Entre o final de janeiro de 1961 e 31 de março de 1964, o Brasil viveu um período de singular turbulência política, assistiu a única experiência parlamentarista da era republicana, teve três presidentes, cinco chefes de governo e seis ministros da Fazenda. A rotação no comando da política econômica contribuiu para a perda progressiva do controle sobre a inflação e outras variáveis macroeconômicas. Nesse contexto, a subdivisão do capítulo segue a seqüência de desenvolvimentos políticos que marcou o período: a breve tentativa de estabilização ortodoxa sob Quadros, as políticas econômicas do período parlamentarista, e a fase presidencialista do governo Goulart, marcada pela implementação tentativa do Plano Trienal. A última seção inclui uma discussão sobre as origens da desaceleração de 1963-1964 bem como uma avaliação mais ampla das políticas do período em questão.i
O início dos anos sessenta foi, em suma, caracterizado por aceleração inflacionária, tentativas fracassadas de estabilização e intensa instabilidade política, um quadro no qual se intensificaram tensões que já estavam presentes desde os anos quarenta e cinqüenta. Foi também um período de aguda, porém breve, desaceleração econômica, o qual teria contribuído para consolidar certos elementos do consenso expansionista que caracterizou a política econômica brasileira até seu esgotamento nos anos oitenta do século passado.
1. A Tentativa de Estabilização sob Quadros
Em 31 de janeiro de 1961, Jânio Quadros assumiu a Presidência da República amparado pela mais significativa votação popular registrada até então na história das eleições
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Diretor de Política Econômica, Banco Central do Brasil
Email: mariomcmesquita@gmail.com
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presidenciais