inflação anos 80
A política econômica de um país representa muito mais do que o conjunto de medidas elaboradas para sanar picos de crises remanescentes de processos históricos e iniciativas mal planejadas e mal sucedidas. Mesmo que não tenha um reflexo imediato, pode delinear o comportamento de uma sociedade. O período histórico pós-ditadura do Brasil tem muito a nos ensinar a esse respeito, não apenas no que concerne às tentativas de controle e consolidação da economia, mas principalmente em relação à experiência e maturidade alcançadas. E como dizem os especialistas, as medidas acabaram por promover o controle da inflação para valores aceitáveis no contexto econômico moderno.
Para entender a crise e os planos econômicos dos anos 80 é preciso recuperar o processo histórico de desenvolvimento trilhado pelo Brasil, em décadas anteriores, quando o modelo econômico brasileiro foi marcado pela falta de planejamento e continuidade das ações ou intervenções dos governos, com o intuito de gerenciar e regular a economia.
Consequentemente, aparecem novas linhas de análise sobre a inflação e, a partir de 1985, iniciam-se os planos heterodoxos, que vão encarar a inflação de uma maneira diferente, assumindo que no Brasil ela tem um caráter muito peculiar. Desenvolve-se, então, a teoria da inflação inercial – tendo como principais autores Luis Carlos Bresser-Pereira, André Lara Resende, Francisco Lopes e Pérsio Arida –, na qual não há uma relação direta entre oferta e demanda de bens e moedas, ou seja, o que irá gerar a inflação não é apenas colocar mais moedas em circulação. A nova teoria propõe um fator que não era considerado, que é chamado de memória inflacionária – existe na inflação, naquele momento, uma interferência da inflação experimentada, por exemplo, no mês anterior. Desta maneira, essa mudança de concepção, referente à origem da inflação, vai aparecer em todos os planos implementados a partir de 1985. Serão as novas receitas para se combater a