Infanticídio Indígena e o Relativismo Cultural
Henrique de Paiva¹
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar o problema do infanticídio indígena sobre as óticas do relativismo, etnocentrismo, concepções de cultura, universalidade dos direitos humanos e a visão dos próprios índios. Nesse sentido, visa trazer à luz um tema bastante controverso e polêmico, porém, relevante para o melhor entendimento na preservação da cultura e da vida indígena.
Palavras-Chave: Cultura; Relativismo; Direitos Humanos;
Introdução
Diferentes povos, com diferentes culturas, enxergam o mundo real e o sobrenatural de acordo com suas cosmovisões; a cultura é como uma lente que filtra o mundo ao nosso redor. Cultura, para o homem, proporciona uma segurança, sentimento de pertencimento e uma identidade. Ao mesmo tempo, porém, tem um caráter de dominação e uma tendência em reduzir a individualidade à nulidade. Culturas como a do infanticídio indígena, por exemplo, têm sido alvo de grandes debates e controvérsias por parte de antropólogos, políticos, defensores dos direitos humanos, ONGs e os próprios índios. Até que ponto se deve interferir ou modificar uma cultura? Existem valores humanos universais que valem para todos, ou cada sociedade constitui o seu certo e o seu errado?
O Infanticídio e as ONGs
Em algumas tribos indígenas brasileiras, ainda se mantem a prática cultural do infanticídio, como é o caso das etnias Suruwahá e Xingú. A cada ano, diversas crianças são mortas enterradas vivas, envenenadas, sufocadas ou mesmo abandonadas na mata. Por crenças religiosas, mas também por falta de informações, descaso do Estado e dificuldades em sustentar a aldeia, essa prática antiga foi a forma