INFANCIA
O filme nos traz a reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo. Ser criança não significa, necessariamente, ter infância, pois cada mais precocemente o individuo é incorporado à condição de adulto.
O documentário começa mostrando a triste realidade referente ao alto índice de mortalidade infantil, que assola parte da sociedade brasileira pertencente ás classes economicamente menos favorecidas e, em especial, às do sertão nordestino. Como contraponto ao grande número de crianças mortas, a taxa de natalidade é muito alta, pois os filhos tornam-se necessários, nesse contexto socioeconômico, à subsistência familiar, inserindo-se no mundo do trabalho precocemente.
Nascer e morrer faz parte do cotidiano dessas pessoas. “Deus dá e Deus toma” relata uma personagem.
Sem alternativa aparente, as crianças são precocemente submetidas às piores formas de trabalho, tanto sob o aspecto remuneratório quanto pela falta de vínculo formal de emprego, permanecendo às margens de toda a legislação social e trabalhista.
O trabalho infantil tolhe, assim, o direito fundamental à infância, o direito de ser criança. O filme mostra, ainda, que não é apenas o trabalho que corrompe a infância. Nas classes sociais, cujas famílias possuem rendimento remuneratório elevado, as crianças, embora não necessitem exercer atividade laborativa, assumem outros tipos de responsabilidades que as colocam na condição de adultos.
O cotidiano extremamente regrado, com horários pré-determinados para a realização de atividades físicas, como aula de tênis, sapateado, natação e balé ou ainda estudar outro idioma, além de frequentar a escola, sempre com o objetivo de preparar a criança para o mundo adulto, acabam levando-a precocemente para este mundo.
Fica nítida, assim, que a problemática relativa à infância em uma sociedade que impõe, direta ou indiretamente, padrões de comportamento que não mais diferenciam o mundo dos adultos do mundo das crianças, é constantemente abordada pelo