India estrategia e politica externa amaury banhos porto de oliveira
Amaury Porto de Oliveira
No quadro mundial aberto pelo fim da Guerra Fria tem-se tornado usual associar Índia e China, quando se deseja analisar o presente e o futuro próximo das relações internacionais. Isso decorre do peso crescente da Ásia nos parâmetros definidores do poder mundial, e da verificação de que esse peso é assegurado, antes de mais nada, pelo crescimento econômico daqueles dois gigantes. No rol dos países, Índia e China ocupam lugar à parte pelo tamanho das respectivas populações, pela extensão territorial e pela projeção cultural milenar que ambos carregam. Tal como a chinesa, a civilização indiana exerceu importante e permanente influência na história humana. Basta citar o Budismo, sistema de pensamento mais do que religião, como o Confucionismo chinês. Nascido na Índia, o Budismo praticamente desapareceu dali, mas se difundiu na Ásia aproveitando canais desbravados pelos chineses. Nos dias de hoje, Índia e China estão convergindo política e diplomaticamente, graças à emergência de ambos como baluartes da economia globalizada. Mas nos mais de duzentos anos entre meados do século XVIII e o final do século XX, os dois países viveram separados, e até em antagonismo, pela ação de forças européias. A vitória dos ingleses na Batalha de Plassey (1757) levou à colonização do subcontinente indiano pela Inglaterra, começando pelo chamado “Estupro do Bengala”, período durante o qual a Companhia Britânica das Índias Orientais destruiu a indústria têxtil e as estruturas agrárias da Índia. Na continuação, os ingleses usaram o ópio, cuja cultura fora por eles monopolizada na Índia, para avassalar a economia da China, drenando suas reservas de prata e avançando, com as duas Guerras do Ópio, no sentido de também colonizar o país. Outros europeus intervieram na tentativa frustrada de partilhar o território chinês, até que no século XX invasores japoneses lograssem ocupar efetivamente, embora por pouco tempo, parcelas da