independência do banco central
João Sicsú(**)
Introdução:
Alguns autores, defensores da tese da Independência do Banco Central (doravante IBC), têm reconhecido que são os pilares teóricos monetaristas que sustentam a sua proposição.
Goodhart (1994, p.1427) reconheceu que a curva de Phillips de longo termo compõe os fundamentos teóricos da proposta de independência. Cukierman (1994, p.1437) considera que políticas monetárias discricionárias-ativas podem somente temporariamente reduzir a taxa de desemprego ou diminuir as taxas de juros. O custo da melhoria temporária de variáveis reais é, contudo, a inflação. Segundo o monetarismo, como o equilíbrio da economia é estável e único, o resultado final de qualquer política monetária-ativa é sempre nulo: a economia retorna à posição original de equilíbrio em que vigora a taxa natural de desemprego.1 Logo, para
Goodhart "...o melhor resultado sustentável que as autoridades podem alcançar através da política monetária é a estabilidade de preços" (1994, 1427).
Cukierman, Webb & Neyapti (1992, p.382) esclareceram que a independência de um BC não significa tão somente autonomia para realizar políticas monetárias sem a interferência do governo central, significa acima de tudo independência para perseguir o objetivo da estabilidade de preços; mesmo que esta busca represente sacrificar outros objetivos que podem ser mais importantes para as autoridades políticas. Os proponentes da tese da IBC têm argumentado que um BC independente deve assumir a tarefa estatutária única de guardião da estabilidade do poder de compra da moeda. Goodhart (1994, p.1427) afirmou que se a política monetária possui mais de um objetivo e estes caracterizam um processo de escolha onde emerge um
(*)
- Este artigo é parte da pesquisa do Projeto de Estudos da Moeda e Sistema Financeiro do Instituto de
Economia da UFRJ que conta com o apoio do CNPq e da USIS. O autor agradece as sugestões dos