Independencia historia e historiografia
Acostumamo-nos a entender a Inde-pendência do Brasil como um desfecho conservador para o período turbulento de crise nas relações entre a colônia e a metrópole, como um arranjo das elites marcado pelas permanências, onde os grupos dominantes trataram de garantir seus interesses por intermédio de D. Pedro que, por sua vez, assegurou a continuidade da Monarquia e da es-cravidão. Essa tem sido a história da Independência ensinada nos bancos escolares. Longe dela, no entanto, têm estado os resultados da pesquisa acadêmica.
O artigo "A Independência na historiografia brasileira" de Wilma Peres Costa, segundo texto do livro Inde-pendência: história e historiografia, constitui um excelente auxílio para o en-tendimento dos resultados alcançados pela historiografia mais recente, bem como do tratamento dado ao tema da Independência pelos historiadores desde o século XIX. Nesse artigo, a professora da Unicamp lembra que atualmente os historiadores estão mais dispostos a discutir e a enfrentar como problemas de pesquisa as continuidades e as transformações que se deram entre o período colonial e o Brasil nascente. Naquelas décadas de crise do Antigo Regime português e de montagem do Estado nacional brasileiro, muita coisa permaneceu como era antes, mas muito se transformou e, mais ainda, muitos acontecimentos, idéias e personagens que desconhecíamos têm sido agora documentados nos novos trabalhos historiográficos, como se vê pelo livro aqui em análise.
O livro foi organizado pelo professor István Jancsó e derivou do Seminário Internacional "Independência do Bra-sil: história e historiografia", realizado em setembro de 2003 na