Inconfidencia Mineira - Jose de Resende Costa
ANDRÉ FIGUEIREDO RODRIGUES*
No dia a dia, abastecer a casa com os mantimentos necessários e pagar um credor ou comprar tecidos para vestir os escravos eram práticas que poderiam ser realizadas por meio de uma operação de crédito – entendida como toda transação de compra e venda efetuada sem o pagamento imediato. (OLIVEIRA, 2005: 133) A prática de solicitar empréstimo era usual entre as pessoas. Em Minas Gerais, de acordo com
Júnia Furtado, “o sistema de endividamento entrelaçava a população local e o pequeno comércio”, acarretando a criação de um sistema de créditos e de empréstimos.
(FURTADO, 1999: 130)
O crédito envolve relações pessoais, autoridade, reputação e confiança. Para ter direito a adiar um pagamento ou a cobrança de uma dívida era preciso existir uma relação de crédito entre as duas partes. Para essa troca ocorrer estavam em jogo, “a reputação, as influências, a qualidade da relação (familiar, amizade, negócio) e a informação” (OLIVEIRA, 2005: 133).
Dos participantes da Inconfidência Mineira (1788-1789), a partir da análise dos
Autos de Devassa da Inconfidência Mineira, dos Autos de Sequestro, dos Libelos Cíveis e de cartas e bilhetes de crédito, é possível desvendar quem foram as pessoas que emprestaram dinheiro, concederam mercadorias ou prestaram serviços aos conjurados e, também, quem foram as pessoas que receberam dinheiro, mercadorias ou serviços realizados pelos inconfidentes.
Com base nos documentos, descobriram-se 177 operações creditícias, distribuídas em quatro sequestros. Esses números não traduzem o total das transações efetuadas pelos sediciosos, mas apenas o que se apreendeu nos seus papéis. Deve-se atentar ainda que, em algumas situações, empréstimos não foram formalizados por meio de escrituras, porque faziam parte de transações cotidianas, como o