Incompatibilidade sanguínea
A doença hemolítica perinatal (DHPN) ou eritroblastose fetal é um distúrbio generalizado que pode afetar o concepto de forma grave.
As principais características desta condição incluem: anemia hemolítica de intensidade variável (com presença de formas jovens ou imaturas de hemácias na circulação periférica – os eritroblastos) e atividade persistente ê anômala de focos extramedulares de hematopoiese (em uma tentativa de compensar a hemólise intensa).
Possuí uma incidência de um para 2.419 nascimentos (Walker et aI., 1993); esta vem caindo a cada década devido à profilaxia com as imunoglobulinas, como demonstrado por Rezende e cols.
Seu fator etiológico é a incompatibilidade sanguínea materno-fetal, com destruição das hemácias fetais por anticorpos maternos. Em 98% dos casos, a incompatibilidade sanguínea é relacionada aos sistemas Rh (Rhesus) e ABO; nos 2% restantes, anticorpos irregulares estão implicados.
A incompatibilidade ABO, responsável pela maioria dos casos, apresenta pequena gravidade clínica e, em geral, passa despercebida. A incompatibilidade Rh representa a maior parte dos casos graves, com fetos seriamente comprometidos.
Após a introdução da profilaxia da incompatibilidade Rh com a imunoglobulina anti-Rh, os casos mais graves de DHPN tiveram sua frequência bastante reduzida.
2. FISIOPATOLOGIA
2.1 INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA MATERNO-FETAL
O feto é possuidor de antígeno eritrocitário (de herança paterna) ausente no organismo da gestante e capaz de imuniza-Ia.
Quando, por alguma razão, as células vermelhas do concepto entram em contato com o sangue materno, a mãe toma-se capaz de produzir anticorpos contra este antígeno "estranho" localizado na membrana do eritrócito do feto. Este fenômeno justifica a destruição intensa de hemácias fetais.
Este modelo encaixa-se perfeitamente na fisiologia dos grupos sanguíneos. Cada grupo possui um antígeno específico na superfície da hemácia. Se um indivíduo não