Inclusão digital
Sérgio Amadeu da Silveira*
Este texto pretende relacionar a política de inclusão digital e o movimento de software livre como um nexo fundamental da malha de iniciativas pelo desenvolvimento sustentável do país, de combate à pobreza e de globalização contra-hegemônica. Primeiro, serão apresentados alguns dos principais elementos constitutivos de uma política de combate à exclusão digital. Em seguida, será discutida a questão do software livre e suas implicações econômicas, sociais, políticas e ideológicas. Por fim, a conclusão buscará demonstrar que as medidas de universalização do acesso e uso intensivo de tecnologia da informação contra a miséria não devem ser adotadas em descompasso com as políticas tecnológicas e de autonomia coletiva dos segmentos socialmente excluídos, sob pena de tornar as políticas de inclusão em mais uma forma de expansão dos mercados e de consolidação de monopólios informacionais. Sem dúvida, nesta introdução será necessário tratar um conjunto preliminar de questões, tais como, a utilidade, precisão e as prováveis finalidades do conceito de exclusão digital, a emergência da denominada sociedade informacional e o uso das tecnologias da informação na consolidação da globalização hegemônica e da ampliação das desigualdades no planeta. Afinal, em um país com 11,4 % de analfabetos entre as pessoas acima de dez anos de idade e com 50,7% da população recebendo até dois salários 1 mínimos , qual o sentido de se falar em exclusão digital? A exclusão digital não seria uma mera decorrência da exclusão social? Seu enfrentamento não seria conseqüência da melhoria de condições de vida e renda da sociedade?
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Sérgio Amadeu da Silveira é diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001.
Sérgio Silveira
Em outras palavras, até que ponto o combate a essa exclusão seria importante diante de