Importancia do brincar - Psicopatologia da Criança

Psicopatologia da Infância

"A importância do Brincar no adoecer e na cura"

Vimos durante o curso da disciplina 'Psicopatologia da Infância' que um dos principais acessos à criança, especialmente àquelas que dominam insuficientemente a linguagem falada, seja graças à idade muito tenra ou, em crianças mais velhas, a afecções instaladas, é a observação das suas brincadeiras.
Em todas as sociedades humanas conhecidas, quaisquer que sejam as regras reguladoras da relação do indivíduo com o mundo, crianças minimamente saudáveis brincam. Esta observação foi feita por psicólogos e várias interpretações sobre o fenômeno do brincar foram formuladas.
As mais modernas reflexões sobre o tema nos dizem que brincar é mais do que uma atividade sem conseqüências para a criança. Brincando, ela não apenas de diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relacionando com este mundo. Brincando, a criança se torna um ser humano, internalizando a cultura. A assimilação da cultura, mediada pela brincadeira, possui uma função subjetiva, em que a criança resgata, organiza e constitui sua subjetividade.
Vygotsky acredita na atividade imaginária como critério de diferenciação do brincar em relação a outras atividades realizadas pela criança. As crianças entram em contato o tempo todo, durante a brincadeira, com signos produzidos pela cultura à qual pertencem. Para Brougére, a brincadeira de casinha, os brinquedos de guerra, os heróis da televisão ou a sandaliazinha da dançarina de axé são elementos que encerram em si significados e ideologias.
Neste sentido ocorre uma bidirecionalidade na transmissão cultural, pois a atividade de brincar da criança é estruturada conforme os sistemas de significado cultural do grupo a que ela pertence. Mas, ao mesmo tempo, esta atividade é reorganizada no próprio ato de brincar da criança, de acordo com o sentido particular por ela atribuído às suas ações, em interação com seus pares ou com os membros mais competentes de sua cultura. Nesse