Impasses do segundo dualismo pulsional
Ana Paula Soares Campos – mestranda em Psicologia
Dra. Fátima Caropreso – professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Introdução
Metodologia
Desde o início da teoria psicanalítica Freud procurou sustentar uma concepção dualista das pulsões. Segundo
Monzani
(1989) essa concepção sempre esteve implícita nas posições teóricas freudianas se tornando evidente com a publicação do artigo A perturbação psicogênica da visão segundo a psicanálise (1910/2007), na qual Freud opõe as pulsões sexuais e as pulsões do eu (pulsão de auto-conservação). Mas a introdução do conceito de narcisismo em 1914 tornou obscurecida a oposição destas pulsões e em Além do princípio do prazer (1920/2010)
Freud reconheceu que o primeiro dualismo não poderia mais ser sustentado. Nesta mesma obra, ele apresentou a ideia da compulsão à repetição e o segundo dualismo pulsional, opondo agora a pulsão de morte e a pulsão de vida.
Entretanto, o segundo dualismo não parece se encaixar facilmente na teoria freudiana. Apesar de se esforçar para defender esta dualidade, parece que Freud não consegue estabelecer a isonomia e a simetria entre as duas classes de pulsões. Ao analisar o segundo dualismo, vários impasses podem ser observados permitindo sugerir que uma tendência para a morte esteja por trás de todos os fenômenos vitais, inclusive daqueles que aparentemente trabalham no sentido da preservação da vida (Caropreso e
Simanke, 2011). No entanto, a hipótese da paridade entre ambas as classes de pulsões é mantida por Freud, mesmo que parte de sua argumentação oriente-se no sentido oposto, de modo que essa contradição permanece não resolvida na teoria.
Trata-se de um trabalho de epistemologia da psicanálise – segundo proposto por Monzani (1990) seguindo as ideias de Lebrun (1977/2006) –, que visa analisar as articulações conceituais internas que constituem a estrutura da teoria freudiana, tendo em vista