Impactos do trabalho precoce no desenvolvimento das crianças
O propósito deste artigo é apresentar e discutir algumas dentre as possíveis consequências do trabalho produtivo precoce sobre o desenvolvimento da criança, na dinâmica da vida dos adolescentes e no interior das famílias.
Resumo:
O propósito deste artigo é apresentar e discutir algumas dentre as possíveis consequências do trabalho produtivo precoce sobre o desenvolvimento da criança, na dinâmica da vida dos adolescentes e no interior das famílias. Os dados empíricos foram buscados em vivências do trabalho por crianças e adolescentes no cotidiano de um município do interior do Rio Grande do Norte, onde há participação significativa desses sujeitos na produção de redes, nas tecelagens. A cultura de
Valorização /dignificação do trabalho, a ineficiência (se não inexistência) de políticas públicas voltadas para essa população e a condição de pobreza a que estão submetidas, dentre outros fatores, têm contribuído para a manutenção da exploração da mão de obra infanto-juvenil, a despeito do ECA e dos esforços para seu combate.
INTRODUÇÃO
A preocupação com os processos de constituição/desenvolvimento do sujeito, de alguma forma e desde sempre perpassa as mais diversas correntes que foram se configurando historicamente e hoje se aglutinam no que denominamos Ciência Psicológica. No entanto, se há relativa unanimidade no que se refere ao “objeto de investigação”, o mesmo não pode ser observado quando se constroem os pressupostos que fundamentam esses processos e, coerentemente com eles, os procedimentos mais apropriados para sua compreensão. Exemplo dessa condição é o recorrente debate, na bibliografia especializada, sobre a influência, mais ou menos determinante, do ambiente sobre o desenvolvimento humano. Nesse sentido, as clássicas concepções sobre a natureza humana desenvolvida, por um lado, por Locke (1632-1704) e Hume (1711-1776) e, por outro, por Rousseau