Imigração e Religião em San José de Flores/Argentina: Análise de uma Cruz Patriarcal
DE UMA CRUZ PATRIARCAL
Lira, Keyte Ferreira. Graduanda em Arqueologia. PUCGOIÁS/IGPA
Os imigrantes espanhóis trouxeram para a América e, neste caso ao pueblo de San José de Flores, suas crenças religiosas. Este conhecimento e a descoberta de um pingente em forma de Cruz Patriarcal durante uma escavação arqueológica realizada no sitio Nazca 313, localizado na região de Buenos Aires, motivaram o desenvolvimento deste trabalho que procura investigar as crenças e os símbolos usados pelos habitantes deste antigo pueblo, atual bairro porteño de San José de Flores.
A Cruz de Caravaca tem origem em uma cidade de mesmo nome localizada na Espanha. No século XIII, a Ordem dos Templários se estabeleceu nesta região para protegê-la contra os mouros, eles levaram para este local uma cruz em forma de relicário patriarcal, e esta continha fragmentos da cruz onde Cristo foi crucificado. A Cruz de Caravaca é também conhecida como Cruz Patriarcal, Cruz de Lorena, Cruz de San Miguel, Cruz Missioneira (é assim conhecida no Brasil, por ter sido difundida durante as Missões) e outros vários nomes. Esta cruz possui um braço a mais que a tradicional, que representa a inscrição colocada pelos romanos na cruz em que Jesus foi crucificado. Esta é comumente usada pelos católicos como objeto de proteção divina, porém em algumas partes da América é usada em rituais e ritos sincréticos, principalmente entre os descendentes de escravos.
A cruz em questão foi fabricada manualmente em cobre, porém percebe-se que a mesma tinha um banho de prata que se perdeu devido a processos pós-deposicionais. Esta foi encontrada em baixo de uma camada de ladrilhos de uma vivienda da segunda metade do século XIX e estava depositada de forma horizontal e paralela, sugerindo que sua deposição tenha sido proposital.
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