Imigrantes Teuto
"Naa, mir sein ka deitsche, mir sein hunsruckler (não, não somos alemães, somos hunsrucklers)".
Pela resposta acima do teuto-brasileiro, podemos bem avaliar a balbúrdia radical que tomou conta do Espírito Santo logo na chegada dos primeiros imigrantes europeus. A sua porta de entrada foi, no século passado, a região montanhosa de Domingos Martins. Foi em 1847 que os hunsrucklers fundaram a colônia de Santa Isabel.
Da mesma forma que os pomeranos que iriam chegar depois deles esses primeiros germanos não se consideravam alemães. Falavam e continuam falando o hunsruck, dialeto de um reino independente da região alta da
Alemanha. Na verdade, a diferenciação racial feita pela primeira corrente de imigrantes europeus que povoou os vales do Espírito Santo não passa de uma questão semântica, pois a maioria dos historiadores capixabas considera alemães tanto o pomerano como o hunsbucklers.
Contudo, a distinção reivindicada por eles chega a fazer sentido, sobretudo quando se nota que, subtraindo os pomeranos e os hunsrucklers do grupo de teuto-brasileiros, vão sobrar poucos alemães propriamente ditos no estado.
Para sentir essa realidade hoje, basta percorrer as regiões habitadas por eles para perceber que o que se fala mesmo é o "pomerod" e o hunsruck. A chamada língua alta, que é o idioma oficial da Alemanha, ouve-se muito pouco, a não ser na maioria dos cultos das igrejas luteranas.
Dúvidas à parte, os hunsrucklers são detentores da primazia de serem os primeiros imigrantes europeus a subir a serra no Espírito Santo. Eles vieram num grupo de 163 pessoas, distribuídas por 39 famílias, com apenas um rapaz solteiro. Eram 26 famílias católicas e 13 luteranas que venceram muitos obstáculos para chegar ao seu destino final: Santa Isabel.
Da Alemanha ao Brasil levaram 70 dias num precário navio a vela, ficando alojados mais 60 dias num galpão no Rio de Janeiro. A