Imaterialidade: Um possível desdobramento para arquitetura contemporânea?
Marcia Maria Cavalieri
“Eu comecei a trabalhar no Hiroshima Projection1 com a suposição de que nós estávamos indo para 'reatualizar' o monumento da resistência à bomba atômica (uma das poucas estruturas que sobreviveram ao bombardeio, logo abaixo do hiper-centro da explosão) e reanimá-lo com as vozes e os gestos dos atuais habitantes de várias gerações [...]” (WODICZKO, 1999) Talvez a obra Krzysztof Wodiczko não fosse tão sensível se a imagem das pessoas entrevistadas estivesse totalmente exposta o que era de se esperar. O grande artifício de sensibilização, colocar somente a imagens das mãos ao invés dos rostos das testemunhas, foi provocador, deixando uma voz sem rosto, permitindo ao expectador experimentar a sensação ao mesmo tempo que o desampara, pela ausência da imagem completa. Provocando uma amplitude maior com relação ao sentimento.
Figura 1: Imagem da obra “Hiroshima Projection” de Krzysztof Wodiczko.
Fonte: Adaptado de www.galerielelong.com Esta obra como outros exemplos, desmistifica a relação entre a imagem e a ideia. Deixando claro que, a ausência da figura não atrapalha tanto a experiência como o conceito, aliás, é ela que faz com que se estenda o alcance. Acreditando nesta intensidade de sentido, através da ausência de figuras, que o argumento do presente trabalho se desenvolve. Assim como os questionamentos dos anos de 1960 nas artes, contra às formas tradicionais de comercialização da arte, que culminou em novas práticas: “[...] para se libertar da realização material, a qual era vista por muitos artistas como sendo subordinada ou até mesmo supérflua” (MARZONA, 2007:p.7) acredita-se que arquitetura tenha culminado nesta prática.
A disciplina atualmente consiste na relação mercadológica, praticada tanto pelos especuladores imobiliários como o Estado cooptado pelos grandes empreiteiros, mas também pelos próprios arquitetos, que se rendem ao mercado ou à