Imaginação científica

5590 palavras 23 páginas
Curiosidade e Imaginação – os caminhos do conhecimento nas
Ciências, nas Artes e no Ensino
1

Maurício Pietrocola
Faculdade de Educação
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Lembro-me ainda hoje do meu primeiro dia de aula de ciências. Na escola pública que freqüentava, ciências eram uma disciplina dada da quinta série. Eu tinha onze anos recém feitos e guardo na memória os sentimentos de entusiasmo e alegria quando a professora nos contara que a matéria era constituída por átomos e moléculas. Não me recordo bem dos detalhes do conteúdo ensinado. Se ela apresentara a diferença entre gases e líquidos, ou se discutira sobre a água, o ar ou outra substância qualquer. Seria pedir muito à memória trinta anos depois. Porém, os sentimentos continuam vivos ainda hoje. Tentando reconstruir o processo que desencadeara aqueles sentimentos, creio que o desvendar de um mundo novo (o dos átomos e das moléculas) por detrás do mundo velho (aquele percebido desde muito pelos sentidos) estava na base de tudo o que ocorrera. O prazer de contemplar uma boa explicação sobre algo que naquele momento parecia a principal intriga a assolar o meu intelecto foi certamente decisiva na minha opção pelas ciências, e pela atuação profissional na educação científica.
Acredito que o mesmo ainda ocorre hoje com os jovens nas boas aulas de ciências. As ciências se constituem em conhecimentos capazes de desencadear processos prazerosos. No seu início, as ciências são, em geral, capazes de produzir emoções positivas e duradouras nos indivíduos. Mas muito rapidamente,

o prazer é

substituído pelo tédio e a aversão. Será natural aceitar a máxima popular de que “tudo que é bom dura pouco!”. No meu caso, os anos seguintes à quinta série foram menos felizes. Muitos nomes de plantas, partes do corpo e compostos químicos passaram a ocupar o grosso das aulas. Como num passe de mágica, o prazer foi substituído pela chateação. Em seguida, já no final do ginásio, as expressões matemáticas

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