imagens
TAMBÉM
SE LÊ
OBJETO/DESIGN
Sandra Ramalho e Oliveira
EDITORA ROSARI
2004
2
PRIMEIRO, O CARDÁPIO
As letras douradas da minha tese de doutorado sumiram. As capas dos dois exemplares, depositados na biblioteca da universidade onde eu trabalho, estão sem identificação, quase. Considerando-se que se tratava de uma impressão de boa qualidade, fiquei vaidosa, pois é um indício de que ela está sendo bastante lida, ainda que sendo uma tese, geralmente sinônimo de leitura muito de um texto muito formal e, por isso, enfadonha. Assim, achei que o assunto poderia ser interessante para um número maior de pessoas. Seu título é “Leitura de imagens para a
educação”; foi defendida no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da
PUC/SP, sob a orientação de Ana Claudia Mei Alves de Oliveira e ela dá origem a este livro.
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Minha preocupação vem sendo, há tempo, o acesso às imagens, ou melhor, à significação das imagens. Como professora de arte, muitas vezes eu mesma tinha dúvidas diante de determinadas obras. Buscava orientação nos conhecimentos de história da arte, ou na história de vida dos artistas. Mas tinha pruridos éticos; como professora, achava que eu não poderia ter certas dúvidas. Eu me sentia, por vezes, uma impostora...
Nesse tempo, preocupavam-me exclusivamente as imagens artísticas. Ainda assim, como motivar as pessoas para compreender a arte contemporânea, se agora é que muitos começam a perder as resistências em relação à arte moderna (não faz muito que assisti alguém conhecido ficar exultante por “descobrir” que Picasso “também sabia pintar”, ao visitar o museu que leva seu nome, em Paris, onde as obras do início da sua carreira também estão expostas)?
Em seguida, novas deduções: fora dos grandes centros, a arte vem sendo
sistematicamente terceirizada. Quero dizer com isto que nas escolas, mesmo em muitas escolas superiores, e até em algumas paredes tidas como respeitáveis, as imagens às quais