Imagens do corpo “educado”: um olhar sobre a ginástica no século xix
Resenha sobre o texto de Carmen Lúcia Soares
Imagens do corpo “educado”: um olhar sobre a ginástica no século XIX
A ginástica era vista como uma forma capaz de potencializar as ações dos gestos, bem como ensinar as pessoas a internalizar uma noção de economia de tempo, de gasto de energia e de cultivo à saúde, sendo estes alguns princípios organizadores do cotidiano daquela época. Ainda neste sentido, a realização de métodos ginásticos podia ser compreendida como um instrumento de divulgação de preceitos e normas, de modos de comportamento, sendo estes alguns mecanismos necessários para a constituição e regulação da consciência. O corpo era visto com um objeto de conhecimento e de intervenção, é algo dominável, é mensurável, é construção humana e garantia de reprodução de mercadorias. A ginástica surge então para construir um corpo revestido milimetricamente, cujo porte deveria exibir simetrias nunca vistas. Ciência e técnica parecem sempre ter contribuído para classificar a ginástica como um instrumento de aquisição de saúde, de formação estética e de treinamento do soldado. Ainda neste sentido, auxiliam na revelação da ginástica como a protagonista do que é racional, experimentado e explicado. A constante prática desta atividade em países europeus acabou por originar o Movimento Ginástico Europeu (início do que hoje se define como Educação Física), o qual estava diretamente ligado com atividades lúdicas como festas de rua, circo, exercícios militares, entre outras ações que envolviam a diversão do público. Entretanto, para a ginástica ser afirmada como auxiliadora na educação dos indivíduos, deveria necessariamente romper seus laços com a diversão, ou seja, o lúdico não era aceito pela comunidade científica no século XIX, tendo em vista que um dos objetivos ginásticos era alcançar uma certa economia no consumo de energia, fato não observado em apresentações circenses, por exemplo. Por outro lado, como parte