imagens da mulher, n'Os Maias
(Lê-se o excerto com expressividade)
Este excerto demonstra a indiferença dos homens pelas mulheres, referindo-se a elas como objetos. Por outro lado, este, caracteriza o aspeto físico de Raquel Cohen, que aos olhos de Taveira era ‘delicioso’ e do marquês era ‘apetitoso’, o que se pode concluir que ela era bela. Já, Cruges tinha uma opinião contrária, apelidando-a de “lambisgoia relambória”, que se pode interpretar por ser uma mulher presunçosa e sem graça. Ao utilizar esta expressão, Cruges revelava o ódio e a indiferença que tinha por Raquel.
Todas estas expressões negativas utilizadas para caracterizar a mulher de Jacob Cohen, sugerem que ela era considerada uma mulher fútil, desonrada e que não era digna.
No entanto, para a imprensa ela era considerada “uma das nossas primeiras elegantes”, mas não era somente com o aspeto físico que se importavam. Um dos importantes aspetos era o seu estatuto social e os seus bens materiais que ela fazia questão de exibir. E um exemplo disso é apontado pelo narrador na expressão “luneta de oiro presa por um fio de oiro”, uma vez que existe a repetição da palavra oiro, o que se subentende que Raquel tinha posses, pois só pessoas ricas poderiam ter oiro, uma vez que era muito caro.
Toda esta caracterização de Raquel é também a caracterização da sociedade portuguesa daquela época, sendo importante na crónica de costumes. Pois esta mulher é um exemplo dos defeitos sociais, nomeadamente, da visão que tinham da mulher no país, naquela época. Assim como, a aparência dela é o reflexo da importação das modas estrangeiras que não se adequavam ao nosso perfil nacional, o que está relacionado com a luxúria.
A mulher, para os homens daquele tempo, tinha o físico de acordo com a sua alma carregada de sujidade e estes acreditavam que a mulher era educada para “cozinhar bem e amar bem”, o que significa que para eles a mulher era um ser sem importância alguma.
N’Os Maias existem outras imagens da mulher,