Iluminação e arquitetura
Lucia Mascaró
A relação entre o processo de inovação tecnológica e a evolução da produção arquitetônica é significativa quando a questão tecnológica resulta possível de ser incorporada como fato impulsionador do projeto, sobre tudo se está destinada a se converter no discurso ideológico da forma. Assim, a concepção ideológica baseada na valoração da tecnologia como um aspecto importante explicativo da realidade, se constitui em marco de referência para ensaiar uma interpretação da relação existente entre a evolução tecnológica e a produção arquitetônica, entre os encontros e os desencontros da iluminação (a tecnologia neste caso) e a arquitetura. Essa relação, ao longo do tempo, é uma tentativa de estabelecer sua essência mais do que sua aparência, estudada através da categoria crítica emblemática de interpretação a qual, com base na interpretação dos valores que estruturam uma determinada realidade, considera a arquitetura como signo representativo desses valores. O emblema funciona, dessa maneira, como uma categoria crítica que relaciona os objetos arquitetônicos com outros índices que permitem interpretar e atribuir sentido a um determinado momento histórico. Da produção arquitetônica de cada período, escolheram-se obras paradigmáticas – obras que se afastam das características das anteriores, propondo-se como modelo para a produção seguinte –, ou emblemáticas – as que representam fielmente a imagem de seu tempo.
Evolução ao longo do tempo
Iniciaremos esta análise com o medievo, no qual as características da fase mais avançada na construção a que se chegou em meados de século XIII são consideradas espetaculares, entre outras razões, pela invenção da traçaria para as janelas, uma inovação, em parte técnica em parte estética, que permitiu a construção de janelas realmente grandes e um uso emblemático da iluminação. Esse é um dos momentos em que a arquitetura pode ser