Iinguas
Em editorial, Dines sublinhou que a língua portuguesa falada no Brasil está cada vez mais distante da escrita. Para o jornalista, o debate em torno do livro é salutar e deveria tornar-se constante, uma vez que "a própria mídia tenta usar a norma culta quando escreve, porém mostra-se indulgente e até relapsa ao usar os meios eletrônicos". Dines ressaltou que, em Portugal a diferença entre a norma culta e a língua falada nas ruas, mesmo entre as camadas mais populares é "quase inexistente": "Isso nada tem a ver com o poeta Camões e o padre Vieira, que também são cultuados por aqui. É que na escola ou no liceu português investe-se na correção do idioma, porque lá a gramática é vista como ferramenta para tornar a comunicação mais efetiva. Esta é a questão: 'os livro' não fere apenas a concordância, fere a compreensão”. A reportagem exibida antes do debate ao vivo ouviu a opinião de especialistas no assunto. Para Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC, muitos jornalistas que criticaram enfaticamente a obra sequer leram a publicação. "Quando as pessoas começaram a ler o livro, começaram a entender que o livro não defende que se fale errado, mas explica que existe uma forma coloquial dali, daquela comunidade, daquela cultura, de se falar, e que existem outras formas”. O livro, na avaliação da representante do MEC, conduz o aluno – neste caso, um jovem ou um adulto – a refletir sobre a sua forma de falar sem humilhar, discriminar ou excluir o estudante que cometa erros de português. A representante do MEC sinalizou que parte da mídia afirmou de forma equivocada que o MEC pretendia "que todos os brasileiros falem errado". "Eu posso dizer, como cidadã, que este é um jornalismo que não contribui para melhorar a informação das pessoas", avaliou a secretária. Heloísa Ramos constatou que a mídia "estranhou" o trecho do livro onde afirma que a concordância nominal e verbal nem sempre é observada na sua totalidade na linguagem